(DO RÁDIO, AO FUNDO, PODE-SE ESCUTAR
“COME AWAY WITH ME” COM NORAH JONES)
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você sabe como eu sou, enfim, incrivelmente imune a certas culpas…
a gente entra numas crises muito loucas, eu não sei se você reparou: eu sou histérica
e você deve ser desequilibrado, ou então, acho que uma outra palavra…
é, desequilibrado, será? não sei. histérica pra mim é bom, né?
eu vou continuar falando essas coisas pra você, porque eu não tenho
nada mais interessante pra fazer e é um meio de também infernizar o seu dia e… sua noite.
ai, que absurdo tudo isso, absurdo a gente perceber o quanto a gente está no lugar errado,
do jeito errado… e eu não digo por você, eu digo pela minha vida,
coisas que eu devo a mim mesma — são as piores dívidas, escuta isso,
não são aquelas que a gente tem com os outros, as nossas… olha isso,
eu tô dando pra dar conselho barato agora (risos),
mas é fato, as dívidas que a gente tem com a gente são as piores,
nós somos os piores credores possíveis, sim!
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Sim! E eu devo você a mim mesmo. Está é a dívida com a qual jamais conseguir arcar.
Consciente de um amor que nenhuma palavra em nenhuma língua,
por mais bela que seja, poderia explicar. E desesperando-me
por não conseguir fazê-la ver que o que guardo para você
é maior do que a minha condição humana. Anjo.
Sempre chamei você de anjo, porque você é meu anjo.
E é dos anjos este amor incontido, indizível, incondicional.
E por mais que eu previsse um dia vê-la como fantasma
me assombrando nas noites frias na minha cama fria na minha vida fria,
eu jamais pensei em me entregar à desistência. O que fazer então
do que permaneceu engavetado aqui dentro?
Infelizmente parece que ninguém além de você
é capaz de querer algo assim. É como uma sina,
como se meu coração estivesse fadado a bater apenas por você.
Por mais que eu já tenha me conformado em não tê-la,
por mais que eu queira amar outra
(e eu amo, não encontro problemas em amar),
sua maldição paira sobre minha alma errante
e eu só encontro a solidão.
Parece que ninguém quer amor como você quis.
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