é íntima ordem de comando.
Sinto em mim uma violência subterrânea,
violência que só vem à tona no ato de escrever.
Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém.
Provavelmente a minha própria vida.
Eu vou me acumulando, me acumulando,me acumulando —
até que não caibo em mim
e estouro em palavras.
Quando eu escrevo, misturo uma tinta a outra, e nasce uma nova cor.
Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim.
Eu escrevo e assim me livro de mim e posso então descansar;
Não agüento o cotidiano. Deve ser por isso que escrevo. EU não escrevo por querer não.
Eu escrevo porque preciso.
Senão o que fazer de mim? Eu não existiria se não houvesse palavras.
Clarice Lispector
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